Foi com surpreendente e incomensurável emoção e prazer que recebi a notícia desta louvável e marcante iniciativa da prestigiada organização, Federação Universal para a Paz.
Emoção e prazer que se duplicam pelo facto do tema a tratar, aqui e agora, incidir sobre o meu maravilhoso Pais, a Pátria do Grande Herói e Pensador Amílcar Cabral.
Agradeço o convite formulado e aproveito a oportunidade para uma vez mais ,em nome do Povo da Guine-Bissau e em meu nome pessoal, apresentar a familia MOON e a familia UPF as minhas mais sentidas condolencias pelo desparecimento prematuro do Reverendo Doutor Moon Fundador da UPF.
Gostaria de direccionar a minha intervenção em três aspectos fundamentais:
Em Primeiro lugar, quem somos e porque estamos aqui; em segundo lugar; qual e a nossa actual situação enquanto pequeno e pobre Pais de África Ocidental e em terceiro lugar, o que fazemos para ultrapassar e como faze-lo
A Guine Bissau durante mais de 5 séculos sob dominação colonial portuguesa, conquistou a sua independência, na segunda metade do século 20, através de um processo de libertação em que foram consentidos sacrifícios incontáveis pelas suas populações, como poucas vezes terá sido registado nos anais da história contemporânea.
Mas se a luta de libertação nacional visava como fim último a eliminação do jugo colonial na nossa terra, ela foi também e simultaneamente, como dizia sempre o fundador da nossa nacionalidade, Amílcar Cabral, um factor de constituição e afirmação da nossa identidade;
Com efeito, numa superfície de 36.125 km2 que em épocas de chuvas chega a reduzir-se em cerca de um terço, convivem em perfeita harmonia mais de duas dezenas de etnias constituindo um verdadeiro e diversificado mosaico étnico-cultural;
Esta realidade que durante a dominação estrangeira foi explorada em benefício do ocupante constitui hoje uma poderosa forca do nosso processo de desenvolvimento.
Após quatro décadas da conquista da nossa independência e vividos
Sucessivos eventos políticos e militares muito complexos, com o apoio da comunidade internacional e, em particular da CEDEAO, a Guiné-Bissau demonstrou a sua capacidade de normalizar o seu quotidiano.
A evidência é clara e qualquer cidadão que circule tranquilamente nas nossas ruas, estradas e caminhos, o pode testemunhar:
- Dispomos de um Governo de Transição que, não obstante a situação económica difícil que atravessamos, a nível mundial, conseguiu estabilizar alguns indicadores económicos fundamentais, pagar salários e conter as tensões sociais que se avizinhavam.
- Dispomos de um parlamento que funciona normalmente através de um debate político inclusivo entre todos os actores, incluindo as forcas políticas que se sentiam excluídas o com o evento de Abril de 2012. Parlamento este que com o propósito de assegurar uma transição tranquila e debatida, alterou a constituição de forma a assegurar que todos os mecanismos de Estado estejam activos até às eleições que estamos a programar.
- Reiniciámos a operacionalidade de outros Órgãos de Soberania, tal como o Supremo Tribunal de Justiça cuja cúpula eleita acaba de tomar posse no passado dia 14 do corrente mês de Fevereiro.
- Registamos com satisfação o reconhecimento dos nossos esforços em alguns fóruns internacionais em que a Guiné-Bissau esteve presente.
- A Guiné-Bissau, sendo um estado laico, é uma das nações do mundo onde mais harmonia e tolerância de fé se praticam e se testemunham nas cidades e nas aldeias, por via da prática corrente das várias opções religiosas; nesse sentido, é um país aberto, multicultural e multirreligioso onde a prática da aceitação do próximo é vivida pelo nosso Povo – esse é um dos valores fundamentais do meu País.
Todavia, a Guiné-Bissau é um pais que ainda se confronta com fortes limitações. Os indicadores de bem‑estar económico e social expressam uma dura realidade para o Pais e para o nosso Povo.
No aspecto económico a Guiné-Bissau continua a fazer parte do grupo de países menos avançados. Essa situação infelizmente e agravada pela instabilidade permanente que o pais tem vivido na ultima década e meia e que apenas um governo legitimo, assente na vontade popular expressa nas urnas e imbuído de espírito patriótico poderá estancar, inverter e impulsionar.
Esta e a situação em que involuntariamente nos encontramos. Em boa verdade, as ajudas bilaterais e multilaterais ao desenvolvimento, apesar de terem uma história de dezenas de anos, não foram suficientes e nos não fomos capazes de proporcionar quaisquer processos reais de gerar prosperidade; mormente de fomento da paz de segurança e de uma verdadeira promoção do desenvolvimento.
Hoje, eis-nos face ao mundo inteiro e face a nós mesmos, face a um destino que parecia comprometido, mas de que sabemos atingir a meta pois que cada situação tem a sua solução, cremos em Deus e no futuro.
Hoje, as nossas populaçoes provaram que somos uma Naçao que pode viver a Utopia duma sociedade reinventada numa harmonia que tem como componente vital a aceitaçao das varias confissoes e praticas religiosas.
A nos como politicos cabe-nos promover essa Utopia e estar atentos para que o bem estar das nossas sociedades,nao se torne dependente,na sua essencia,da acumulaçao de valores materiais.
Termino pelo agradecimento a esta Comunidade pela excelente organizaçao deste evento e de nos dar a oportunidade de mostar ao Mundo a nossa determinaçao, em estreita colaboraçao com todos os actores sociais,em lutar com todas as nossas forças pela paz e desenvolvimento em prol das nossas sociedades.